... "Nestes bairros, os filhos comportam-se como vândalos, porque os pais são tratados como crianças pelo Estado. Se calhar, já vai sendo tempo de tratar estas pessoas como adultos. Estas pessoas têm de ser tratadas como cidadãos, e não como cidadãos-crianças. Enquanto tiverem uma mesada assegurada (RSI - Rendimento Social de Inclusão), estas pessoas precisarão sempre de uma babysitter permanente (polícia em cada rua). Por outras palavras, é preciso acabar com a lógica do "coitadinho".
O percurso dos "coitadinhos" ... é sempre o mesmo. Na escola, o "coitadinho" bate na professora, mas como é "coitadinho" nada lhe acontece. Na rua, o "coitadinho" rouba uma criança "não-coitadinha", mas como é um "coitadinho-menor" fica impune. Quando chega a casa, o "coitadinho-filho" repara que o "coitadinho-pai" não paga a renda, a luz e a água. Ainda por cima, o "coitadinho-filho" vê que este comportamento compensa, dado que o "coitadinho-pai" continua a receber o cheque mensal do RSI. Ora, se as diversas faces do Estado tratam estas pessoas como crianças durante o dia, então elas vão agir como crianças durante a noite: daí a destruição dos carros dos vizinhos, daí a queima de caixotes do lixo, daí os ataques a bombeiros e polícias - os desportos noctívagos dos cidadãos-crianças... A causa desta barbárie suburbana é a falta de cultura de responsablidade. A identidade destes jovens suportados pelo RSI constrói-se em redor do desprezo pelo trabalho... E o pior é que esta cultura é financiada pelo Estado..."
Henrique Raposo in Expresso 16-05-2009
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